Bandeiras nas janelas,
bandeirinhas nos carros, ruas pintadas com motivos patriotas, pessoas vestidas
de verde amarelo, música-tema da copa na ponta da língua. Onde estão? Não estão.
E, honestamente, acho que não estarão e nem deveriam estar. Podem me acusar de
anti-nacionalista o seja lá o que bem entenderem. Mas, o fato é que essa copa
no Brasil não pegou. Até desconfio que, em dias de jogos, muitos brasileiros
ficarão entorpecidos com a mágica do futebol, esporte fortemente absorvido pela
nossa cultura. Mas não serão todos. Nem sei se será a maioria. Fato é que sinto
um ódio no ar. Um ódio que estava adormecido e que rompeu, inclusive
violentamente, nas manifestações de rua de junho 2013. Há um sentimento muito
ruim de indignação que eclodiu a partir da aproximação do mundial.
Há uma crise de representação. Os brasileiros não se identificam mais com políticos, tampouco com partidos. É algo como se ninguém prestasse no congresso, senado, câmaras municipais e estaduais e no poder executivo. Esse ódio está sendo convertido em greves a torto e a direito, de várias classes profissionais. Está convertido em protestos que fecham as ruas, avenidas e estradas. Está estampado do rosto das pessoas que se ressentem de tantas coisas básicas e que veem bilhões gastos em estádios, muitos deles que ficarão praticamente inutilizados. Está na garganta de quem fica aprisionado no trânsito caótico das grandes cidades todos os dias, sem um transporte público minimamente razoável.
A população não respira a copa,
definitivamente. Respira indignação. E, por isso, o foco mudou: não se está
preocupado com o torneio, mas, sim, com a mudança da qualidade de vida do
brasileiro. Com a utilização verdadeira dos impostos excessivos recolhidos para
o benefício da sociedade. Não. Este ano não teremos bandeiras, bandeirinhas e
ruas pintadas aos montes. Teremos
algumas (e olha que já estamos a quinze dias do mundial). Mas, o que teremos
mesmo, são as exigências de uma vida melhor aos que nos governam,
independentemente de quem for. Tomara que estejamos amadurecendo.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim