quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Corpo e Mente - Os mais castigados

Faculdade, trabalho, inglês, computação e mais uma parafernalha de atividades ligadas à lógica da competitividade. Isso mesmo. A contemporaneidade é uma época perigosa, ingrata. Parece que vivemos uma espécie de darwinismo no qual "somente os mais bem adaptados sobreviverão". Estudo e trabalho ocupam uma parcela significativa das pessoas. Não raro, vemos cargas horárias que, do ponto de vista da saúde física e emocional, representam um verdadeiro absurdo. Imagine só: oito horas de trabalho diário mais cinco horas de faculdade. Só aí já se foram treze horas, de um total de vinte e quatro, em um dia. Acrescente mais uma hora de aula de inglês (dizem que é um elemento essencial no mercado de trabalho) e temos quatorze horas de atividades diárias. Bem, se dormimos oito horas por dia, somadas a essas quatorze, temos vinte e duas horas de atividades e sono. Restam-nos duas mínimas horas para cuidarmos de nosso corpo, de nossa mente. Mas será que restam mesmo? Será que nessas quase inexistentes duas horas não estamos resolvendo problemas de banco, fazendo consultas médicas (geralmente por causa deste tipo de vida alucinante), cuidando de filhos, ou então passando raiva com questões do tipo "recebi uma cobrança indevida por parte da companhia telefônica" e por aí vai... Penso que estamos invertendo cada vez mais o sentido das coisas. As únicas instâncias que nos ligam ao mundo são nosso corpo e nossa mente. E, por incrível que pareça, o ser humano tem tido, cada vez mais, a capacidade de destruir isso, que são os fundamentos básico da nossa existência. Corpo e mente cada vez mais mal tratados. Que o digam os psicólogos e médicos. Esse é o desafio do povo contemporâneo: conseguir cuidar da mente e do corpo perante esse caos de exigências e competitividade que "o tal do mercado" impõe sobre as pessoas. Esse breve artigo não propõe soluções mas, sim, reflexões sobre o modo de viver das pessoas nos grandes centros urbanos. Fica, para todos nós, o desafio de entendermos que estamos invertendo as coisas. Cabe a cada ser humano, a tarefa de ser cada vez mais criativo para sobreviver e viver nessa selva de pedra. E você? Já conseguiu criar a sua?
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim