quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Como você se comunica com seus filhos?

Hoje, dirijo-me especifamente aos pais e mães (acho péssima a idéia de chamar pai e mãe, de pais. Por isso fiz questão de fazer a separação dos termos). A reflexão de hoje gira em torno da maneira com a qual vocês se comunicam com seus filhos. Creio que esse seja um importante tema, uma vez que, palavras mal empregadas, podem trazer consequências desastrosas para qualquer pessoa. Quantos de nós já fomos mais feridos por palavras do que por agressões físicas? Às vezes, um soco causa menos impacto que uma palavra. Certa vez, estava atendendo uma paciente em meu consultório, quando ela me falou algo estarrecedor. Só pra contextualizar, ela tinha na época por volta de seus 34 anos e já estava em processo terapêutico comigo há dois anos e meio. Bem, a história resumidamente é essa: exatamente no meio de uma de nossas sessões semanais eis que, derepente, lembra-se de algo que sua mãe lhe disse quando estava com sete anos de idade. Não sei bem o que minha paciente fazia na ocasião, entretanto, lembro-me do que sua mãe havia mencionado a respeito: "menina, você não sabe fazer nada direito mesmo; nada dá certo". E, como numa professia lançada, lá estava minha paciente: 34 anos, sem ter tido capacidade de concluir seus estudos, sem profissão definida, muito acima do peso, com poucos namorados; engravidou sem planejamento, casou-se e a união não prosperou. Depressiva constantemente, dependente financeiramente da família em todos os sentidos, viu sua vida literalmente não dar certo. Nada me tira da cabeça que essa frase ficou armazenada no inconsciente dessa pessoa , inclusive, porque, ela veio à tona de modo bastante inesperado no consultório. Não vou entrar nos meandros de nosso trabalho, mas posso dizer que após identificar essa "profecia" e se recusar a permanecer nela, as coisas mudaram pra melhor. E muito... Portanto, pensem bem na hora de se comunicar com seus filhos. As palavras tem o poder de construir e de destruir vidas. Estejam atentos a isso e lancem "profecias" positivas para eles o tempo todo.
Observações finais: o Léo, um grande amigo, sugeriu que fizesse um pequeno adendo a este artigo. A frase que a mãe disse à filha não é algo isolado. Pelo contrário, demonstra sentimentos ruins, falta de crença na capacidade dela e falta de sensibilidade. Essa frase foi somente a "ponta de um iceberg" que se apresentou em um dado instante. Em outras palavras, um contexto negativo proporciona também uma comunicação de qualidade diminuída. Penso que esse registro seja importante, pois, todo ser humano pode pronunciar algo inadequado em um momento de desequilíbrio. Além disso, seria humanamente impossível cobrar perfeição na comunicação de pais, mães, ou de qualquer outra pessoa, 100% do tempo.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim