terça-feira, 6 de abril de 2010

Breves Considerações sobre Bullying

Na última semana, estive dando uma entrevista, na Rádio CBN, de Belo Horizonte. O tema foi Bullying. Temos escutado, com certa freqüência, vários órgãos de imprensa falando, a todo momento, sobre este termo. Mas, o que vem a ser Bullying? Essa palavra serve para descrever atos de violência física ou psicológica, que são intencionais e repetitivos, de uma pessoa (ou grupo de pessoas), contra um indivíduo (ou grupo de indivíduos). O objetivo é de intimidação e sempre, é perceptível a diferença de força entre as partes conflitantes. Ou seja, um é, notoriamente incapaz, perante ao outro. O Bullying na verdade não é uma novidade. Penso que sua ampla divulgação se dê em decorrência das questões que envolvem a violência, estarem, de uma maneira geral, cada vez mais, presentes na grande mídia. Um dos locais onde se deflagra essa prática constante é o ambiente escolar. Podemos perceber o Bullying direto (no qual são praticadas as agressões físicas) e o Bullying indireto (mais voltados para a questão de intimidação psicológica). Nesta última modalidade pode-se perceber os comentários negativos que são espalhados acerca de determinada pessoa (modo dela se vestir, etnia, religião, incapacidades físicas etc.), recusa por parte da pessoa (ou grupo) em se socializar com um indivíduo e, até mesmo, intimidação de pessoas que queiram se socializar com essa vítima. Não raro, encontramos, até mesmo, o Cyber Bullying, no qual é criado um perfil falso de determinada pessoa, em sites de relacionamento, propagando inverdades e humilhações sobre alguém. Encontra-se essa última prática com mais freqüência em adolescentes. As conseqüências do Bullying podem tornar-se devastadoras para ambos os lados.

Para a vítima:

- Desinteresse pelos estudos;

- Dificuldade de concentração e de manter a atenção;

- Queda no rendimento escolar;

- Baixa auto-estima;

- Repetidas faltas à escola (absenteísmo);

- Estresse;

- Queixas psicossomáticas;

- Depressão;

- Suicídio.

Para o agressor:

- Pode vir a tornar-se um adulto violento;

- Pode vir a cometer crimes como, até mesmo, violência doméstica;

- Pode ter problemas de adaptação em situações de trabalho;

- Pode apresentar baixa tolerância à frustração, não respeitando regras de maneira geral.



No ano de 2.009, testemunhamos dezenas de crimes, nos Estados Unidos, nos quais estudantes entravam armados em salas de aula e abriam fogo contra outros alunos. Sabe-se que, muitos desses atiradores eram, na verdade, vítimas freqüentes de Bullying que, num determinado dia, decidiram se vingar.

Causas do Bullying:

Antes de mais nada, é preciso considerar que todos os seres humanos tem uma determinada cota de agressividade na formação de sua personalidade. Uns mais, outros menos. Estudos evidenciam que, frequentemente, crianças e adolescentes praticantes de Bullying foram (ou são), crianças sobre as quais os pais não impõem limite por medo, dificuldade ou falta de conhecimento. Com isso, a falta de limite, associada comumente a um ambiente psicologicamente nocivo, pode contribuir para o surgimento de comportamentos dessa natureza. Em outros casos, ainda, verifica-se a presença de violências física e/ou psicológica entre os pais e dos pais contra a criança. Nesta direção, ocorre uma tendência da criança perceber e assimilar tais comportamentos, repetindo-os na sociedade.

Medidas contra a prática do Bullying:

Por parte da escola:

- Melhorar o preparo dos professores, ensinando os mesmos a intervirem de forma adequada na resolução dos conflitos entre os estudantes;

- Elaborar projetos que busquem a cooperação entre os alunos, ao invés de incentivar disputas ferrenhas;

- Criar grupos de alunos mais solidários, que busquem auxiliar os outros estudantes que tem dificuldades de relacionamento (estes últimos são, frequentemente, vítimas de Bullying).



Por parte da família:

- Tentar colocar limites na criança ao se perceber comportamentos agressivos da mesma;

- Colocar limites de maneira firme, porém, não violenta;

- Explicar o porquê do limite estar sendo colocado desta forma sobre determinado aspecto;

- Procurar ajuda profissional caso percebam que não estão dando conta de colocar estes limites;

- Estar em sintonia com a escola, buscando informações sobre o comportamento dos filhos.
Este artigo é, na verdade, um resumo sobre a entrevista que concedi na Rádio CBN. Caso você deseje ouvi-la, basta acessar minha página no: WWW.DOUGLASAMORIM.COM.BR e clicar no link "Entrevistas - áudio e vídeo".
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim

terça-feira, 30 de março de 2010

Entrevista hoje - 30/03 - na Rádio CBN

Olá, amigos (as) visitantes! Mais uma vez, fui gentilmente convidado pela Rádio CBN, de Belo Horizonte, para uma entrevista. A mesma será realizada às 10:30 da manhã desta terça-feira (30/03/10), e o tema será BULLYING. A sintonia é no FM 106,1, e o site é: http://www.radiocbn.com.br/
Espero por vocês lá!
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim
Ps: Em breve, disponibilizarei a entrevista no: http://www.douglasamorim.com.br/

sexta-feira, 26 de março de 2010

Psicologia VERSUS Psiquiatria? A quem eu devo procurar?

Frequentemente as pessoas me perguntam, seja pessoalmente, por telefone, ou no próprio consultório, a diferença entre Psicologia e Psiquiatria. Normalmente a confusão se dá entre quando procurar um ou outro profissional. O que irei tentar proporcionar agora é uma explicação simples, mas que creio ser útil para ajudar nessa questão. Em primeiro lugar é preciso que uma coisa fique muito clara. A grande maioria das pessoas procura algum profissional da área "Psi", quando alguma coisa não vai bem em sua vida. Essa "coisa que não vai bem", geralmente está ligada a dois eixos básicos que norteiam a vida do ser humano. São eles:
- Eixo Afeto: em todas as suas extensões, refere-se à relação que temos com as outras pessoas, animais, coisas e conosco. Pai, mãe, filhos (as), irmãos (as), marido, esposa, namorado, namorada, amigos (as), bichos de estimação, objetos com significados especiais, entre outros.
- Eixo Trabalho: em todas as suas extensões, refere-se a emprego, trabalho (lembrando que emprego e trabalho não são a mesma coisa), negócios, dinheiro, estudo, cursos, carreira, bens materiais.
Pois bem. Os conflitos nascem geralmente a partir do que acabei de descrever. O que ocorre é que, quando uma pessoa não lida bem com algum ou alguns dos eixos acima, surgem as perturbações emocionais. No meu modo de entender, o que define o profissional mais adequado a ser procurado é exatamente o grau destas perturbações e o quanto elas interferem na vida de um indivíduo. Sabemos, mais do que nunca que, corpo e mente estão intimamente interligados e um interfere, diretamente, no outro. Nesta perspectiva, sou adepto de, antes de se procurar um profissional de Psiquiatria, que se consulte, antes, um da área de Psicologia. O motivo é muito simples. Em um número considerável de vezes, é possível construir, em um processo de psicoterapia, "ferramentas" para auxiliar o paciente a lidar de maneira mais saudável com os conflitos que o fizeram buscar ajuda, sem a necessidade de medicação. Entretanto, em outro número de vezes, o Psicólogo não consegue fazer o trabalho sozinho e torna-se imperioso, o encaminhamento de um paciente, para o profissional de Psiquiatria (sobretudo quando os sintomas trazem um acentuado prejuízo à vida do indivíduo). Lembra-se do que eu acabei de falar sobre mente e corpo interligados? Pois é. Acontece que, quando o nível de aodecimento emocional torna-se severo, o corpo acaba adoecendo junto. E, já parou pra pensar em mente doente e corpo doente? Por isso mesmo, nessas vezes, o trabalho do Psiquiatra se torna fundamental. As medicações utilizadas - na maioria das vezes, antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores de humor - vão colaborar, sensivelmente, na melhora dos sintomas físicos dos pacientes (que podem ser diversos), e, também, na questão do ânimo, do humor, da energia vital. Frequentemente, é preciso que nós, Psicólogos, encaminhemos os pacientes para um trabalho conjunto com o Psiquiatra. Inlusive porque, dependendo do grau de acometimento que o paciente apresentar, ele não tem o mínimo de equilíbrio para aproveitar-se do trabalho de psicoterapia. Por entender que, ocasionalmente, seja necessário este trabalho em conjunto, é que convido você, amigo (a) leitor (a), a entender que a questão não é Psicologia VERSUS Psiquiatria. Nem de longe deve ser preferido um, em detrimento do outro, por ser melhor ou pior. São apenas ciências diferentes, que tem uma contribuição enorme na melhoria da qualidade de vida das pessoas e que devem ser utilizadas, exclusivamente, quando houver indicação técnica para tal.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Curso Superior é o mais adequado?

Ontem, estava realizando uma entrevista com uma profissional (estou buscando uma psicóloga para fazer parte de minha equipe), quando fui, delicadamente, interpelado pela mesma: "você não está mais escrevendo no blog! Desde 2009"! Ela está certa. Simpaticamente certa, diga-se de passagem. Peço desculpas aos leitores, mas, realmente, os últimos meses foram muito difíceis. Excesso de casos, aqui no consultório, e casos, muitas vezes, complexos. Aproveitando o ensejo, uma vez que estamos falando sobre contratação de pessoas, gostaria de chamar a atenção para algo que tenho observado no mercado de trabalho e que não sei, honestamente, se a maior parte das pessoas está atenta para tal fato. Sempre escutamos, desde pequenos, mãe, pai, avós, tio, papagaio etc, falando que as pessoas crescem na vida através da via do estudo. Até aí, tudo bem, apesar de sabermos que existem, sim, exceções (Sílvio Santos é um bom exemplo de pessoa bem sucedida, sem estudos - recomendo a leitura de sua biografia). Voltando ao que disse que tenho observado: a procura por cursos superiores tem aumentado cada vez mais. Sobretudo, com algumas facilidades de crédito que o governo tem proporcionado para os estudantes. Se a procura por cursos superiores não tivesse aumentado tanto, não veríamos, infelizmente, uma faculdade "em cada esquina" e, muitas vezes, de qualidade altamente questionável, com mensalidades muito atraentes. Com isso, a pessoa entra no curso superior e cria uma expectativa de um futuro melhor. Até aí, tudo bem. Mas, o que temos assistido é uma legião de advogados, psicólogos, economistas, fonoaudiólogos, pedagogos, administradores, contadores, dentistas, e arquitetos, entre tantos outros, trabalhando como auxliares de escritórios, secretárias, taxistas, vendedores (sem querer desmerecer estas importantes profissões), mas que, na realidade, não requerem um curso superior para a execução de suas funções. Com isso, a pessoa que ficou, no mínimo quatro anos em uma universidade, acaba frustrada, pois, o mercado atualmente está inchado de profissionais de nível superior. Ou seja, a pessoa se torna meramente um funcionário "de luxo" para o patrão, com um excesso de qualificação que, frequentemente, acaba não proporcionando melhor remuneração. O ponto em que quero chegar é o seguinte: a escolha do que se vai estudar é muito importante. É necessário que se faça um planejamento, objetivando aonde realmente se deseja chegar. Do contrário, corre-se o risco de ter-se uma diploma que, em virtude de um mercado saturado, possa não servir lá para grandes coisas. Se tiver sido conquistado via financiamento educacional, piorou. Tem-se uma dívida que demora para ser quitada. Não sou contra o curso superior, muito pelo contrário. Mas ocorre que, muita gente está "míope" para algo que se apresenta bastante promissor na atualidade. É a volta dos cursos técnicos que, de uns tempos para cá, também são conhecidos como cursos que formam técnologos. Alguns deles, até mesmo são reconhecidos pelo MEC como cursos superiores. Um exemplo: tecnólogo superior em telecomunicações. Com o avanço da economia brasileira, existe uma demanda cada vez maior, na atualidade, por esses profissionais: técnólogos em telecomunicações, em gestão ambiental, em radiologia, em gestão hospitalar, e, em mineração, são apenas alguns exemplos. Com duração média de dois anos, estes cursos tem se apresentado como uma boa opção de inserção mais rápida no mercado e, de certa forma, mais "garantida", visto que a procura por estes profissionais está aumentando. Pode até parecer estranho o fato de um psicólogo que trabalha exclusivamente na área clínica, tecer considerações acerca de estudos e mercado de trabalho. No entanto, cumpre dizer que o consultório é um lugar que me ensina muito. Pessoas de todas as áreas, com todo o tipo de visão de mundo e de conhecimentos, me ensinam, diariamente, as mais variadas coisas. E, penso que é até mesmo uma obrigação minha, o fato de dividir com você, amigo (a) leitor (a), de alguma forma, esses ensinamentos que recebo. Ainda continuo adepto às idéias de nossos pais e avós, com relação à questão do estudo. No entanto, preste atenção ao quê estudar, quando, em qual instituição e com quais objetivos. O mundo profissional é cada vez mais exigente e seletivo; e, errar por falta de planejamento, pode, às vezes, ser muito difícil de se reverter.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim