Recentemente, assistimos no Rio
de Janeiro, uma cena que chamou a atenção de toda a sociedade. A imagem de um
homem nu, ferido, amarrado a um poste por uma trava de bicicleta. Ele foi
identificado como um bandido que praticava muitos delitos na região, que
apavorava as pessoas, e que havia sido espancado por um grupo de pessoas que
fez justiça com as próprias mãos. Todos nós estamos fartos de tanta violência
que viemos sofrendo. Todos nós estamos enojados de bandidos espalhados por
todos os lados e que não sofrem nenhum tipo de consequência por seus atos, seja
por culpa de uma polícia falha ou de um código penal absurdamente obsoleto e
tolerante. Isso nos gera revolta. Em mim também. No entanto, quando assistimos
pessoas que estão na mídia, como a jornalista Rachel Sheherazade, do SBT,
defendendo esse tipo de conduta, acabamos sendo tomados, com alguma frequência,
por sentimentos de satisfação. Isso se
deve porque, vendo a imagem deste homem, nestas condições, tem-se a sensação de
que ele, de fato, sofreu algum tipo de punição. E isso é o mínimo que esperamos
que ocorra para os criminosos, ora. Entretanto, isso é muito preocupante. O
fazer justiça com as próprias mãos pode abrir um precedente caótico que nos
dirigiria para a barbárie, para a idade média. Algo que o filósofo Thomas Hobbes
chamava de “Estado de Guerra de todos contra todos”. Não se trata de discutir aqui, a questão dos direitos humanos. Nem vou entrar nesse mérito. O fato é que penso que agir assim não resolve o problema da violência. O ser humano se politizou e criou
alternativas para que as coisas fossem resolvidas não mais através da força
bruta ou da violência. Os instrumentos estão criados. De um lado, a educação,
para evitar que o sujeito caia na marginalidade. De outro lado, as leis que, se
bem criadas e executadas, fazem com que o bandido tenha a certeza da punição.
Dessa forma, pensaria duas vezes antes de cometer o crime. Tivemos a capacidade
de criar os instrumentos. Não estamos tendo a capacidade de utilizá-los para o
bem da sociedade.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim