sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O PERIGO DE SE FAZER JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS


Recentemente, assistimos no Rio de Janeiro, uma cena que chamou a atenção de toda a sociedade. A imagem de um homem nu, ferido, amarrado a um poste por uma trava de bicicleta. Ele foi identificado como um bandido que praticava muitos delitos na região, que apavorava as pessoas, e que havia sido espancado por um grupo de pessoas que fez justiça com as próprias mãos. Todos nós estamos fartos de tanta violência que viemos sofrendo. Todos nós estamos enojados de bandidos espalhados por todos os lados e que não sofrem nenhum tipo de consequência por seus atos, seja por culpa de uma polícia falha ou de um código penal absurdamente obsoleto e tolerante. Isso nos gera revolta. Em mim também. No entanto, quando assistimos pessoas que estão na mídia, como a jornalista Rachel Sheherazade, do SBT, defendendo esse tipo de conduta, acabamos sendo tomados, com alguma frequência,  por sentimentos de satisfação. Isso se deve porque, vendo a imagem deste homem, nestas condições, tem-se a sensação de que ele, de fato, sofreu algum tipo de punição. E isso é o mínimo que esperamos que ocorra para os criminosos, ora. Entretanto, isso é muito preocupante. O fazer justiça com as próprias mãos pode abrir um precedente caótico que nos dirigiria para a barbárie, para a idade média. Algo que o filósofo Thomas Hobbes chamava de “Estado de Guerra de todos contra todos”. Não se trata de discutir aqui, a questão dos direitos humanos. Nem vou entrar nesse mérito. O fato é que penso que agir assim não resolve o problema da violência.  O ser humano se politizou e criou alternativas para que as coisas fossem resolvidas não mais através da força bruta ou da violência. Os instrumentos estão criados. De um lado, a educação, para evitar que o sujeito caia na marginalidade. De outro lado, as leis que, se bem criadas e executadas, fazem com que o bandido tenha a certeza da punição. Dessa forma, pensaria duas vezes antes de cometer o crime. Tivemos a capacidade de criar os instrumentos. Não estamos tendo a capacidade de utilizá-los para o bem da sociedade.
 
Um abraço fraterno,
 
Douglas Amorim