segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sensibilidade: sem ela, não criamos nada

Hoje, gostaria de escrever sobre o tema sensibilidade. Pra começo de conversa, antes de mais nada, vamos esquecer da falsa idéia que correlaciona sensibilidade à fraqueza. Seria um crime para todas as pessoas uma vez que, sensibilidade, é uma das bases fundamentais para qualquer processo criativo. Portanto, vamos "passear" um pouco pelos meandros dela, sem ter a pretensão de criar um tratado sobre o assunto. Entendo que a sensibilidade está presente em nossas vidas, mais do que imaginamos. O que enxergo é que as pessoas, muitas vezes, não dão atenção para a sensibilidade que elas têm. Logo, coisas importantes passam desapercebidas. Retomemos o raciocínio da criação. Um artista plástico, no instante de sua criação, é sensibilidade pura. Claro que insere técnicas naquela obra, mas, o passo inicial, é a sensibilidade. Um compositor, por exemplo. Ele pode escolher tecnicamente rimas que componham, de forma mais harmoniosa, a melodia. Mas o o que o leva a trazer à tona determinadas palavras e frases? Novamente, a tal da sensibilidade. Meu orientador de Mestrado me fez pensar muito a respeito deste tema, quando disse que as "artes antecipam o futuro muito mais do que a ciência". Segundo ele, Chaplin, em Tempos Modernos, já anunciava a tragédia e escravização produzida pelo capitalismo. Recentemente vi uma reportagem na qual um escritor paulista (sinceramente não me recordo do nome), escreveu na época em que São Paulo não tinha engarrafamentos que, dentro de pouco tempo, seria quase impossível transitar por lá. Veja bem: ele era escritor e não, engenheiro de tráfego, ok? Parece que não deram ouvidos às suas idéias por lá... Outro aspecto ligado à sensibilidade é o que as pessoas geralmente chamam de intuição. É aquilo que, quando não damos ouvido, por mais que ela insista em nos avisar, geralmente nos damos mal ou perdemos oportunidades interessantes. A intuição é também uma das formas de manifestação da sensibilidade. Também está a serviço da criação. Em tempos pós-modernos, a todo instante, é preciso que criemos formas saudáveis, humanas, eficientes e originais para sobrevivermos nas grandes "selvas de pedra", nas quais se transformaram as grandes cidades. Precisamos ser verdadeiros "artistas". Por isso é importante termos, cada vez mais, conhecimento técnico sobre várias coisas. Agora, não se esqueça; técnica não é tudo. Pouco adianta qualquer forma de conhecimento se você não abre espaço para a sensibilidade. A técnica é o "motor do carro". A sensibilidade é a "gasolina". Sem ela, você não vai a lugar algum. Pense nisso e deixe que a sua sensibilidade aflore, sem brigar com ela e sem se fazer de surdo. Anulando a sua sensibilidade, você não vai criar nada. Vai, no máximo, repetir.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim