domingo, 8 de fevereiro de 2009

Excesso de cobrança envenena as relações

O tema dessa semana é, de certa forma, um pouco espinhoso. Quando podemos cobrar as coisas, principalmente de pessoas próximas, do ponto de vista afetivo? Em última análise, refiro-me a mãe, pai, filhos (as), irmãos (ãs), marido, esposa, namorado (a) e, porque não, pacientes. A idéia central é refletir sobre o quanto cobramos destas pessoas, sem que, muitas vezes, elas tenham condições de nos dar o que desejamos. Assim, tornamo-nos algozes dos outros, além de não conseguirmos atingir o nosso objetivo. Veja só: como cobrar de uma pessoa a leitura de um livro se ela sequer foi alfabetizada? Pois é assim que ocorre frequentemente nas relações com as pessoas que nos são mais caras. É com elas que acontece grande parte de nossos conflitos do dia a dia, isso, por motivos óbvios. Pensemos na física: quanto maior a superfície de contato, maior o atrito. É exatamente dessa forma que ocorre em termos psicológicos. E, um dos atritos mais constantes, é a cobrança. Como cobrar de alguém, algo que ele não tem para dar? Realmente, o assunto é complexo. E, por esse motivo, vou citar um pensamento de Charles Chaplin que me fez refletir e produzir o artigo de hoje: "Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... Respeito". Fiz questão de destacar o fato de não ser o momento, ou da pessoa não estar preparada porque, pode ser, que nunca o esteja; que o momento nunca chegue. Dessa maneira, começamos a entender que o outro tem limitações tanto quanto nós. E o que Chaplin intitulou como respeito, serve nas duas direções: uma, na de não exigir descabidamente que a outra pessoa dê conta de determinadas coisas; outra que, a partir desta consciência, não há desgaste e nem se irritação com as limitações do outro. É um raciocínio preventivo. Quanto mais íntima for a outra pessoa, maior a possibilidade de saber até onde ela consegue ir. Se o seu desejo suplantar a capacidade dela, o ideal é procurar outra via para realizá-lo.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim