domingo, 2 de fevereiro de 2014

Sobre o primeiro beijo gay (masculino) da TV brasileira

Aconteceu o primeiro beijo gay (masculino) na teledramaturgia brasileira em janeiro de 2014. Fiquei pensando e analisando muita coisa antes de escrever aqui. Observei, principalmente, o comportamento das pessoas nas redes sociais. Pelo menos, do que tive notícia, a quase totalidade das pessoas saudaram a atitude da emissora com brados de inclusão, de aceitação do diferente, do "abaixo o preconceito". No entanto, também percebo, enquanto psicólogo, uma dose de hipocrisia no ar. O mundo virtual nem sempre retrata a realidade, principalmente no facebook onde, por vezes, se propaga uma falsa felicidade. Seja por motivos conscientes ou não, muito do que se escreve na redes sociais não corresponde ao real. Penso que muitas pessoas que saúdam o beijo gay nas redes sociais, possivelmente ficariam escandalizadas (ou pelo menos incomodadas), se estivessem num restaurante, clube, praia, cinema, parque etc, com seus filhos e vissem dois homens se beijando a menos de três metros de distância. Penso que o Brasil, maior país católico do mundo e com a religião evangélica em franca expansão, ainda carrega muito conservadorismo e preconceito. O beijo da novela representa apenas mais um passo - importante, diga-se de passagem - na erradicação deste tipo de discriminação e nada mais do que isso. No entanto, penso que ainda estamos muito longe de resolver isso por completo. O fim dessa situação ocorrerá somente quando um beijo for uma coisa simples, que represente o amor e/ou o desejo, e não, o conteúdo de uma causa social. Pelo menos um grande passo foi dado. Que venham muitos outros pois, somente assim, o amor será entendido e aceito universalmente. Que a aceitação da homossexualidade seja verdadeira no nosso dia a dia e não, uma pseudoaceitação restrita às redes sociais.
 
Um abraço fraterno,
 
Douglas Amorim