sábado, 22 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
RACISMO E FUTEBOL - EPISÓDIO DO JOGO DE ONTEM
Carl Rogers foi o pai de uma
linha de abordagem da Psicologia chamada Psicoterapia Centrada no Cliente. Um dos
conceitos trabalhados por ele foi a “empatia”. Em termos muito sucintos, essa
empatia significa tentar se colocar no lugar do outro, para entender como ele
vê e sente o mundo. No entanto, por mais que eu me esforce, penso que existam
situações que, por mais que me esforce, acredito que nunca conseguirei fazê-lo.
Ontem, assistindo a um jogo do Cruzeiro (sou atleticano), na Copa Libertadores
da América, assisti a uma cena que me deixou estarrecido. O jogador Tinga foi
extremamente hostilizado pelos torcedores do time da casa – o jogo aconteceu no
Peru – com ofensas racistas. A cada vez que ele pegava na bola, boa parte do
estádio imitava sons de macaco. Eu não acreditava no que estava assistindo. Mas
era isso mesmo. Milhares de torcedores fazendo esse som. E me perguntei: se o
esporte serve justamente pra integrar os povos, o que esses torcedores estavam
fazendo? Justamente o contrário. Muita coisa no mundo está de cabeça pra baixo
e isso me preocupa. Felizmente, ao término do jogo, assisti a uma declaração do
próprio Tinga, sobre o ocorrido. Essa declaração me emocionou e, confesso, foi
uma das mais lúcidas que já vi num esportista: “eu trocaria todos os títulos da
minha carreira (e olha que ele já ganhou muita coisa), pelo fim do preconceito,
do racismo, da discriminação de classes”. Nessa hora, tentei me colocar no
lugar dele. Tentei enxergar o mundo e sentir o que ele sentiu naquele momento. Carl
Rogers que me desculpe. Não consegui. Somente uma pessoa de pele negra pode
sentir o que ele sentiu naquela hora. Séculos de discriminação, de violência
e que se mostra ainda presente em pleno século XXI. Esse sentimento, quem é
branco, nunca irá entender. O máximo que conseguimos saber/sentir é que deve
ser muito ruim. E deve doer muito. Principalmente na alma. Tinga, ontem você
marcou um golaço. Parabéns pela declaração e desconsidere essa parte atrasada da
humanidade.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
SEGURANÇA PÚBLICA - CHEGAMOS AO FUNDO DO POÇO
Em termos de segurança pública vejo que chegamos ao fundo do poço. Temos uma legislação altamente obsoleta, que mais parece uma peneira, devido a tantos furos que possibilitam infinitas manobras advocatícias. Desta maneira, bandidos que deveriam estar atrás das grades, continuam vivendo em liberdade. O efetivo policial é deficitário, assim como, os equipamentos utilizados por esses profissionais. A sociedade não suporta mais ser roubada, morta, estuprada, violentada e ultrajada no mais puro sentido da palavra. E, essa mesma sociedade, está começando a dar uma resposta que me preocupa; e muito. É o chamado "fazer justiça com as próprias mãos". Esse tipo de caso está aumentando - vide o caso do adolescente preso sem roupas a um poste no Rio de Janeiro e o dono de uma lotérica, no Piauí, que, após ser roubado, atropelou e matou um dos bandidos. Esse tipo de ação denuncia a falha gritante do Estado no que diz respeito à segurança pública. Se continuarmos assim, certamente estaremos caminhando na direção da barbárie, numa espécie de retrocesso à idade média. O ser humano tornou-se um ser político e, a prática da violência, é uma atitude considerada como pré-política, por muitos pensadores. Ao vermos a justiça feita pelas próprias mãos, somos tomados, frequentemente, por uma certa satisfação. Isso, por um motivo muito simples. Quando vemos o marginal sendo punido de alguma forma - como sendo morto ou preso pelo pescoço em um poste - temos a sensação de que ele está sendo punido. Ou seja, a falha grotesca na capacidade de punição, pelas lacunas intermináveis de uma lei fraca, está fazendo a sociedade civil se revoltar e tentar tomar as rédeas dessa punição, ela mesma. Não adianta mais a polícia prender e a justiça soltar, pela fraqueza da legislação, ou por não haver vagas em presídios. Ou o Estado acorda de uma vez por todas e protege os cidadãos, ou corremos um grande risco de fazermos um retrocesso bárbaro, por não suportarmos mais a violência e a impunidade. Penso que já passamos do limite da tolerância. E esse é o maior perigo.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
O PERIGO DE SE FAZER JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS
Recentemente, assistimos no Rio
de Janeiro, uma cena que chamou a atenção de toda a sociedade. A imagem de um
homem nu, ferido, amarrado a um poste por uma trava de bicicleta. Ele foi
identificado como um bandido que praticava muitos delitos na região, que
apavorava as pessoas, e que havia sido espancado por um grupo de pessoas que
fez justiça com as próprias mãos. Todos nós estamos fartos de tanta violência
que viemos sofrendo. Todos nós estamos enojados de bandidos espalhados por
todos os lados e que não sofrem nenhum tipo de consequência por seus atos, seja
por culpa de uma polícia falha ou de um código penal absurdamente obsoleto e
tolerante. Isso nos gera revolta. Em mim também. No entanto, quando assistimos
pessoas que estão na mídia, como a jornalista Rachel Sheherazade, do SBT,
defendendo esse tipo de conduta, acabamos sendo tomados, com alguma frequência,
por sentimentos de satisfação. Isso se
deve porque, vendo a imagem deste homem, nestas condições, tem-se a sensação de
que ele, de fato, sofreu algum tipo de punição. E isso é o mínimo que esperamos
que ocorra para os criminosos, ora. Entretanto, isso é muito preocupante. O
fazer justiça com as próprias mãos pode abrir um precedente caótico que nos
dirigiria para a barbárie, para a idade média. Algo que o filósofo Thomas Hobbes
chamava de “Estado de Guerra de todos contra todos”. Não se trata de discutir aqui, a questão dos direitos humanos. Nem vou entrar nesse mérito. O fato é que penso que agir assim não resolve o problema da violência. O ser humano se politizou e criou
alternativas para que as coisas fossem resolvidas não mais através da força
bruta ou da violência. Os instrumentos estão criados. De um lado, a educação,
para evitar que o sujeito caia na marginalidade. De outro lado, as leis que, se
bem criadas e executadas, fazem com que o bandido tenha a certeza da punição.
Dessa forma, pensaria duas vezes antes de cometer o crime. Tivemos a capacidade
de criar os instrumentos. Não estamos tendo a capacidade de utilizá-los para o
bem da sociedade.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
SOBRE A ESPERTEZA E A EXPLORAÇÃO A QUE TODOS NÓS, SEM EXCEÇÃO, ESTAMOS SENDO SUBMETIDOS
Algo anda me irritando muito no brasileiro. É a chamada ESPERTEZA. Não de todos, é verdade. Mas, infelizmente, de grande parte do nosso povo. De acordo c...om o dicionário Houaiss, um dos significados de ESPERTEZA é: “ação desonesta para conseguir algo, tentando ludibriar alguém”. Tenho considerado muita coisa injusta por aí. É como se eu tivesse a sensação de, a todo instante, ser de certa forma, EXPLORADO por alguém. A coisa é mais menos assim. Em qualquer situação, que qualquer vendedor ou prestador de serviço tem de se aproveitar de seu cliente, ele faz. O que dizer de restaurantes self-service que cobram 10% na hora da conta? Mas se fui eu em quem serviu, por que esse tipo de cobrança? (por mais que seja opcional, nem deveria estar lá, ora). E quando se vai a um restaurante especializado em massas, comer um bom macarrão com queijo parmesão e, na hora da conta, ver que foram cobrados R$1,50 por uma pequena quantidade desse queijo ralado? Flanelinhas são outro problema. Não temos mais o direito de estacionar o carro em qualquer rua. Basta parar e eles já estão ali, querendo dinheiro. Me sinto extorquido nesse caso. É como se eu não tivesse chance. Pague ou tenha seu carro depredado. Cobrança de estacionamento em shopping; outro abuso. Você vai lá pra gastar com eles, proporcionar lucro e ainda assim, tem de pagar para estacionar. Mais uma forma de se obter ganhos e nos deixar na berlinda. Pague ou não tenha acesso ao shopping, de carro. É isso que estão nos dizendo. Muitos médicos (ou suas secretárias), sequer hesitam em dizer que uma consulta custa R$700,00 R$800,00 R$1.000,00 ou mais. Num país capitalista, entendo que, em época de temporada, as coisas ficam mais caras mesmo. Hospedagem, alimentação etc. É a lei de oferta e procura. Aumentou a procura, aumenta-se o preço. Até aí, tudo bem. Mas, porque extrapolar tanto as raias do razoável? O que dizer de um quarto simples em BH ou macacos (distrito aqui pertinho), custar aproximadamente R$250,00 uma diária , no final de semana? E quanto a uma omelete custar R$90,00 ou um suco de melancia a R$11,50 o copo? Já ouvi dizer que, aqui em BH, existem barzinhos cobrando a entrada. Isso Mesmo. Mas, é pra ver/ouvir alguém tocando? Não! É só pra entrar mesmo. Ou seja, estão cobrando entrada de boteco, agora. Volto a dizer: me sinto explorado, roubado e extorquido em vários momentos do dia a dia. Talvez, um traço cultural muito forte do “levar vantagem em tudo” ou do tal “jeitinho brasileiro”. Essas falas pra mim ilustram: Levar em consideração o meu benefício e danem-se os outros. Como a maior parte dos brasileiros, ganhar o pão de cada dia não é nada fácil. Exige trabalho e sacrifício. Chega a ser revoltante uma pessoa abrir a boca e cobrar R$100,00 por uma pizza grande, no Shopping Cidade, aqui em Belo Horizonte. Fiquei até pensando se eu ando ganhando pouco, se eu estou com chatice ou choramingando. Mas, descobri que não. Muita gente anda se sentindo EXPLORADA diariamente por comerciantes e prestadores de serviço em geral. Aonde isso vai parar eu não sei. Só sei que hoje, ando sentindo pouca alegria em ser brasileiro. A cada esquina, um roubo – em todos os sentidos.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim
domingo, 2 de fevereiro de 2014
Sobre o primeiro beijo gay (masculino) da TV brasileira
Aconteceu o primeiro beijo gay (masculino) na teledramaturgia brasileira em janeiro de 2014. Fiquei pensando e analisando muita coisa antes de escrever aqui. Observei, principalmente, o comportamento das pessoas nas redes sociais. Pelo menos, do que tive notícia, a quase totalidade das pessoas saudaram a atitude da emissora com brados de inclusão, de aceitação do diferente, do "abaixo o preconceito". No entanto, também percebo, enquanto psicólogo, uma dose de hipocrisia no ar. O mundo virtual nem sempre retrata a realidade, principalmente no facebook onde, por vezes, se propaga uma falsa felicidade. Seja por motivos conscientes ou não, muito do que se escreve na redes sociais não corresponde ao real. Penso que muitas pessoas que saúdam o beijo gay nas redes sociais, possivelmente ficariam escandalizadas (ou pelo menos incomodadas), se estivessem num restaurante, clube, praia, cinema, parque etc, com seus filhos e vissem dois homens se beijando a menos de três metros de distância. Penso que o Brasil, maior país católico do mundo e com a religião evangélica em franca expansão, ainda carrega muito conservadorismo e preconceito. O beijo da novela representa apenas mais um passo - importante, diga-se de passagem - na erradicação deste tipo de discriminação e nada mais do que isso. No entanto, penso que ainda estamos muito longe de resolver isso por completo. O fim dessa situação ocorrerá somente quando um beijo for uma coisa simples, que represente o amor e/ou o desejo, e não, o conteúdo de uma causa social. Pelo menos um grande passo foi dado. Que venham muitos outros pois, somente assim, o amor será entendido e aceito universalmente. Que a aceitação da homossexualidade seja verdadeira no nosso dia a dia e não, uma pseudoaceitação restrita às redes sociais.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim
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