quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Curso Superior é o mais adequado?

Ontem, estava realizando uma entrevista com uma profissional (estou buscando uma psicóloga para fazer parte de minha equipe), quando fui, delicadamente, interpelado pela mesma: "você não está mais escrevendo no blog! Desde 2009"! Ela está certa. Simpaticamente certa, diga-se de passagem. Peço desculpas aos leitores, mas, realmente, os últimos meses foram muito difíceis. Excesso de casos, aqui no consultório, e casos, muitas vezes, complexos. Aproveitando o ensejo, uma vez que estamos falando sobre contratação de pessoas, gostaria de chamar a atenção para algo que tenho observado no mercado de trabalho e que não sei, honestamente, se a maior parte das pessoas está atenta para tal fato. Sempre escutamos, desde pequenos, mãe, pai, avós, tio, papagaio etc, falando que as pessoas crescem na vida através da via do estudo. Até aí, tudo bem, apesar de sabermos que existem, sim, exceções (Sílvio Santos é um bom exemplo de pessoa bem sucedida, sem estudos - recomendo a leitura de sua biografia). Voltando ao que disse que tenho observado: a procura por cursos superiores tem aumentado cada vez mais. Sobretudo, com algumas facilidades de crédito que o governo tem proporcionado para os estudantes. Se a procura por cursos superiores não tivesse aumentado tanto, não veríamos, infelizmente, uma faculdade "em cada esquina" e, muitas vezes, de qualidade altamente questionável, com mensalidades muito atraentes. Com isso, a pessoa entra no curso superior e cria uma expectativa de um futuro melhor. Até aí, tudo bem. Mas, o que temos assistido é uma legião de advogados, psicólogos, economistas, fonoaudiólogos, pedagogos, administradores, contadores, dentistas, e arquitetos, entre tantos outros, trabalhando como auxliares de escritórios, secretárias, taxistas, vendedores (sem querer desmerecer estas importantes profissões), mas que, na realidade, não requerem um curso superior para a execução de suas funções. Com isso, a pessoa que ficou, no mínimo quatro anos em uma universidade, acaba frustrada, pois, o mercado atualmente está inchado de profissionais de nível superior. Ou seja, a pessoa se torna meramente um funcionário "de luxo" para o patrão, com um excesso de qualificação que, frequentemente, acaba não proporcionando melhor remuneração. O ponto em que quero chegar é o seguinte: a escolha do que se vai estudar é muito importante. É necessário que se faça um planejamento, objetivando aonde realmente se deseja chegar. Do contrário, corre-se o risco de ter-se uma diploma que, em virtude de um mercado saturado, possa não servir lá para grandes coisas. Se tiver sido conquistado via financiamento educacional, piorou. Tem-se uma dívida que demora para ser quitada. Não sou contra o curso superior, muito pelo contrário. Mas ocorre que, muita gente está "míope" para algo que se apresenta bastante promissor na atualidade. É a volta dos cursos técnicos que, de uns tempos para cá, também são conhecidos como cursos que formam técnologos. Alguns deles, até mesmo são reconhecidos pelo MEC como cursos superiores. Um exemplo: tecnólogo superior em telecomunicações. Com o avanço da economia brasileira, existe uma demanda cada vez maior, na atualidade, por esses profissionais: técnólogos em telecomunicações, em gestão ambiental, em radiologia, em gestão hospitalar, e, em mineração, são apenas alguns exemplos. Com duração média de dois anos, estes cursos tem se apresentado como uma boa opção de inserção mais rápida no mercado e, de certa forma, mais "garantida", visto que a procura por estes profissionais está aumentando. Pode até parecer estranho o fato de um psicólogo que trabalha exclusivamente na área clínica, tecer considerações acerca de estudos e mercado de trabalho. No entanto, cumpre dizer que o consultório é um lugar que me ensina muito. Pessoas de todas as áreas, com todo o tipo de visão de mundo e de conhecimentos, me ensinam, diariamente, as mais variadas coisas. E, penso que é até mesmo uma obrigação minha, o fato de dividir com você, amigo (a) leitor (a), de alguma forma, esses ensinamentos que recebo. Ainda continuo adepto às idéias de nossos pais e avós, com relação à questão do estudo. No entanto, preste atenção ao quê estudar, quando, em qual instituição e com quais objetivos. O mundo profissional é cada vez mais exigente e seletivo; e, errar por falta de planejamento, pode, às vezes, ser muito difícil de se reverter.
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim